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Entrevista com Alexandre Farias, presidente da CBT – Confederação Brasileira de Tênis

O advogado Alexandre Farias, presidente da CBT – Confederação Brasileira de Tênis, foi o responsável pela entrega dos troféus aos campeões da final do ITF BT 400 do Rio de Janeiro.   Giulia Gasparri, Ninny Valentini, Nicolas Gianotti e Mattia Spoto foram os primeiros premiados pelo novo presidente que, naquele dia, 5 de abril, completava seu primeiro mês de mandato à frente da instituição que irá comandar pelos próximos quatro anos.

Farias foi diretor durante muitos anos do tradicional Clube Sociedade Mampituba de Criciúma, em Santa Catarina, onde são realizadas as competições de tênis Banana Bowl e Copa Davis. O Mampituba, que completou 100 anos em 2024, também recebe as principais competições estaduais e municipais de beach tennis em sua estrutura de 15 quadras. Foi ainda vice-presidente e presidente da FCT – Federação Catarinense de Tênis por alguns mandatos. Ano passado, recebeu o convite para encabeçar a chapa 2025-2029 da CBT para a sucessão do presidente Rafael Westrupp, na qual foi eleito por aclamação por todas as federações brasileiras e comissão de atletas.

Sorridente e muito bem-humorado, começou contando que foi o responsável pela transferência do árbitro Jeferson Pinto, o nosso Jejé, para o comando do beach tennis brasileiro, seis anos atrás.

Presidente, por favor, comece contando como foi o início dessa parceria com o Jejé.

Em 2018, estávamos na final do Banana Bowl no Mampituba e o ex-presidente da CBT, Rafael Westrupp, me falou da necessidade de ter uma pessoa atuante para tocar o beach tennis. Jeferson estava trabalhando na competição e lá mesmo se acertaram.    A partir daquele momento, ao assumir o cargo de Coordenador Nacional de Beach Tennis da CBT, Jejé cuida muito bem da gestão institucional do beach tennis brasileiro. E é, acima de tudo, um amigo querido e que nos deixa muito satisfeitos com o que vem entregando desde então. Segue com total apoio na minha gestão.

O presidente da CBT, Alexandre Farias e Paula Pequeno premiam as duplas campeãs Giulia Gasparri e Ninny Valentini e as vice Ariadna Costa e Veronica Casadei

Então podemos contar com a continuidade do trabalho que vem sendo desenvolvido no beach tennis?

Tenho dúvidas se esse cara (Jejé) entende tudo de beach tennis mesmo (risos). Sem dúvida, a gestão do Westrupp foi maravilhosa, especialmente para o crescimento do esporte. Tudo que nós temos hoje aí foi construído por sua gestão. Eu gosto muito do beach tennis, então podem ficar tranquilos que não só vamos dar continuidade como expandir a atuação do departamento BT. É o nosso filho menor, o caçula, e o Rafa e o Jejé deram fermento para ele. Queremos fazer ainda mais e já estamos programados para isso. 

Fale mais sobre isso…

Vamos tentar melhorar naquilo que for possível. Existe uma grande preocupação com o futuro do beach tennis, mas tudo que eu vejo no Brasil é positivo. O país desponta como um celeiro de grandes atletas. Já ganhou o mundial diversas vezes e no Pan-americano é o recordista de medalhas de todas as categorias. Ao mesmo tempo que nos alegra, nos preocupa, pois gostaríamos de ver o beach tennis como um esporte olímpico já em 2032. O esporte tem sido muito jogado no Brasil, tanto por profissionais quanto por amadores, e agora começamos a investir pesado nas categorias de base. A verdade é que os outros países não têm trabalhado com tanto afinco na modalidade quanto nós.

 O que podemos fazer a mais?

 A nossa preocupação é que, em algum momento, essa pseudoexclusividade possa ser prejudicial para tornar esse esporte olímpico. No que depender do nosso esforço, como aumento do número de torneios no Brasil, capacitação de professores, capacitação de arbitragem, tudo isso está sendo realizado. Vou dar um dado importante, principalmente em se tratando de categorias de base: de todos os beachtennistas filiados da CBT, cerca de 50% estão nas categorias de base na faixa etária de 10 a 19 anos. Isso demonstra o investimento que já foi feito na gestão anterior e aquilo que nós vamos fazer daqui para frente. Então, é nossa obrigação incentivar os atletas, criar mais torneios, criar metodologias e tudo mais que for necessário. Não é à toa que na próxima Copa das Federações, em novembro, em Fortaleza, incluímos a categoria sub-12 e o 60+. Para abrigar isso tudo, aumentamos em um dia a competição. Vai ser maravilhoso e quem ganha com isso é o beach tennis.

Como são avaliados os números?

O coordenador Jeferson Pinto fez uma análise técnica completa, um trabalho muito robusto. O relatório foi encaminhado essa semana para todas as federações para servir de mote para planejamentos estratégicos. Uma visualização de como estão todas as categorias do beach tennis, do amador ao profissional, incluindo volume de torneios, volume de premiações e tudo mais. Para ter uma ideia, em 2025 vamos ampliar de 197 para 233 torneios.

Rafael Westrup e Alexandre Farias


Já temos beach tennis em todo o Brasil?

 Sim. Todas as nossas 27 unidades federativas praticam beach tennis. Existe um volume imenso de torneios. Atualmente, só dois estados não têm torneios oficiais: Amapá e Acre. Mas em 2025 vamos apoiá-los para realizar alguma coisa e fechar o mapa brasileiro. Mas note que na Copa das Federações temos a participação de 100% dos estados.  

Como tem sido o trabalho das federações?

Se as federações não estiverem unidas, o esporte não pode andar. Mesmo com o tênis consolidado, uma das missões da direção da CBT é integrar os presidentes de federação. O beach tennis é novo, estão todos muito entusiasmados com a sua progressão, que é geométrica e crescente. Eu fui presidente de federação e sei o quanto isso é extremamente importante. Eu quero todo mundo junto, desejo todas as federações reunidas. Acredite que tem federação hoje que só tem o beach tennis. Então, hoje já temos um mapa de como está cada estado brasileiro, onde a gente precisa atacar e melhorar, onde a gente precisa manter e onde a gente precisa evoluir.

 O que podemos fazer para ajudar os outros países?

O Brasil já exportou cursos de capacitação da CBT para o Paraguai, Argentina, Porto Rico e África do Sul. Agora os outros países é que têm que começar a incentivar. Não podemos sair daqui como CBT e extrapolar fronteiras. Então, assim, cada país tem que fazer o seu trabalho para que nós tenhamos um beach tennis forte na América do Sul e em outros países do mundo.

 E a Europa?

 A Itália, a Espanha e a Rússia são poderosas, contudo, a vinda dos atletas para jogar e morar no Brasil enfraqueceu o esporte lá. O padel talvez já tenha ultrapassado o beach tennis na Itália e na Espanha e isso é muito ruim. O Brasil não tem como fazer esse trabalho. Quem tem que fazer são as confederações de cada país. Nós vamos continuar fazendo o nosso aqui, fortalecendo a modalidade para que, quando houver um evento tipo uma olimpíada, estejamos preparados para disputar em condições de igualdade ou mesmo superiores a outros países.

Foi anunciado que os Pan-americanos serão novamente no Brasil, em São Paulo. Não seria melhor que fosse feito em Aruba ou mesmo em outro país das Américas?

Funciona assim: os pretendentes à realização de torneios em qualquer lugar do mundo devem solicitar a data à ITF. Para isso, existem normas e prazos. Me parece que nenhum país, nem mesmo Aruba, solicitou torneio nas datas próprias e obrigatórias para que esse evento fosse realizado.    No último momento, houve a solicitação do Estado de São Paulo e foi imediatamente deferida. Eu vou ser bem franco, ainda não conversei com o presidente da federação paulista. Estivemos reunidos na semana passada em São Paulo, mas nada havia ainda sido divulgado pela ITF. Uma opção é Botucatu, mas não podemos ainda afirmar nada, ainda faltam questões burocráticas a serem definidas. Com certeza será em São Paulo.

Homenagem do Clube Sociedade Mampituba ao presidente Alexandre Farias

O Pan aqui é um conforto, inclusive para nós, brasileiros, assistirmos ao vivo, mas insisto, não seria melhor em outro país?

Essa matéria é uma excelente oportunidade para a CBT esclarecer isso. Nós nos sentimos muito honrados em realizar o Pan-Americano no Brasil. Entretanto, não temos culpa se nenhum outro país solicitou o evento. Às vezes existem críticas à CBT, mas não temos culpa se os nossos números em relação ao beach tennis têm um crescimento exponencial ano a ano. Os melhores torneios do mundo são realizados no Brasil. Principalmente os BTs 400, os Sand Series e o ITF BT Finals, ano passado. Inclusive, quero divulgar aqui em primeira mão que o Finals já está confirmado para este ano e também em 2026 em Brasília. Então, o Brasil, a Confederação, os Promotores, as Federações e todos os amantes da modalidade estão engajados a melhorar o beach tennis por aqui. É isso que as pessoas precisam entender. Embora eu diga e repita, não é uma crítica e sim uma constatação: o restante do mundo não está trabalhando na mesma velocidade com que nós estamos trabalhando. Estamos abertos para ajudá-los. O que os países vizinhos, nossos coirmãos e outros países vinculados à ITF precisarem do auxílio do Brasil, estamos disponíveis; agora temos que respeitar as fronteiras e, principalmente, a instituição gestora maior que é a ITF.

Muito se tem falado sobre as premiações. A maioria dos jogadores paga para jogar. Quem está na base da pirâmide pede premiação desde a primeira rodada, como no tênis. Quem está no topo diz que não dá para dividir mais, que a solução é aumentar consideravelmente a premiação.

Olha, vou ser bem sincero e transparente, como sempre sou. Esta é uma opinião minha pessoal. Pisou na chave principal, tem que receber. Infelizmente, ainda não chegamos a esse patamar. Temos que cumprir o regulamento que é praticado em todos os torneios nacionais e internacionais. Acredito que estejamos caminhando para isso se resolver. A partir do momento em que as premiações vão aumentando, acho que o bolo possa se dividir mais. O beach tennis é um esporte novo que cresceu muito rápido. Temos ainda muitas questões a resolver. Eu acho e volto a repetir que o que o Brasil fez pelo tênis e pelo beach tennis na gestão do Rafa, não só vamos dar continuidade como pretendemos fazer mais. Este esporte é a cara do Brasil, não é à toa que cresce sem parar. Eu penso que essas situações vão e vêm e vão sendo resolvidas ao longo do caminho. Tenho esperança de que, até o final de 2026, já tenhamos premiação na primeira rodada.

Os projetos sociais estão no radar da CBT?

Com certeza. Já fazem parte do nosso planejamento estratégico. Aproveito para elogiar o trabalho realizado pelo atual presidente da FMTT – Federação Mato-Grossense de Tênis, eles acabaram de realizar um BT 400 que foi fantástico e também têm o inovador projeto “Beach tennis nas escolas”. É um esporte inclusivo em todos os sentidos e temos que trabalhar isso e expandir seu alcance para todas as classes sociais.    Vamos incentivar as federações, porque a partir delas, nos estados, nos municípios é que a gente vai poder fazer projetos e por que não copiar esse modelo de sucesso que foi implantado em Cuiabá.
Quais são as suas considerações finais?

Queria agradecer a todos que trabalham com paixão neste esporte. O que posso garantir é que, sempre que possível, estarei presente aos eventos e sempre atento a novas sugestões e demandas. As portas da CBT estão abertas. Fiquem tranquilos, eu sou um amigo do beach tennis. Tenho uma mulher que joga beach tennis e tenho uma quadra de beach tennis em casa.

Da mesma forma que no centenário tênis, também há uma necessidade de atenção para a preservação e incremento de tudo que foi realizado. O tênis em cadeira de rodas também precisa de bastante apoio e já tivemos grandes conquistas. E o nosso caçulinha beach tennis que, sem dúvida, é o xodó de todos os brasileiros. Gostaria de terminar com a frase que foi o mote da nossa campanha: “Todos juntos pelo tênis, pelo tênis em cadeira de rodas e pelo beach tennis.” Muito obrigada.

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